sábado, 21 de janeiro de 2012

Quando tudo começou...

Nessa foto estava com um ano de idade, antes da Paralisia Infantil.
Esse é o primeiro texto que escrevo depois que remodelei o Blog. Tenho o objetivo de passar a vocês um pouco de minhas experiências vividas ao logo de minha vida e mostrar que mesmo portador de uma deficiência física, e cadeirante, não impediu que vivesse a vida plenamente e com toda liberdade. Por isso o novo nome do blog: Rodas da Liberdade Nasci no dia 23 de agosto de 1956. Sou o filho mais velho entre os 8 que meus pais tiveram. Meu nascimento encheu de alegria a família que estava se formando, simbolizou recomeço, pois antes do meu nascimento, minha mãe deu a luz uma menina que faleceu com meningite com seis meses de vida. Ela conta que já dava os primeiros passos sozinho em volta do berço, quando, com 13 meses de idade, fui acometido de uma gripe muito forte, com febre alta já não me mantinha em pé. Acabara de adquirir a Poliomielite, uma infecção viral, por conta dessa “gripe” fiquei internado 18 dias no Hospital das Clinicas. O diagnóstico era o da Paralisia Infantil. É importante salientar que esse poliovírus é altamente transmissível e aconteceram vários casos. As vacinas que existiam naquele momento, não eram muito eficazes, e só foi possível o combate efetivo à doença quando o Sr. Alberto Sabin desenvolveu a milagrosa gotinha. Com a perda da primeira filha e o meu diagnóstico de paralisia infantil, meus pais ficaram inconformados. Acredito que foi a partir desse momento que a relação entre meus pais começaram a se complicar. Mesmo pequeno, lembro das brigas e acusações mútuas que faziam e acredito que minha mãe tenha até hoje o sentimento de culpa com o que aconteceu comigo. O primeiro médico que me tratou, Dr. Rubens, que foi amigo da minha família durante muitos anos, me encaminhou para o HC. Os dias que fiquei internado me deixaram muito fraco, não me alimentava, só chorava. Os médicos acharam melhor que continuasse o tratamento em casa e assim foi feito. Com uma semana em casa já não corria mais risco de morte e a recuperação foi plena. Lembro pouco sobre minha primeira infância. São lapsos de memória nos quais sempre estive sentado observando o mundo ao meu redor. Quase não saía de casa, e quando saía era levado no colo por algum adulto, os destinos se referiam ao hospital ou a igreja. Às vezes, meu pai me levava no bar que freqüentava para que me divertisse um pouco assistindo televisão. Em casa sempre “andei” com a bunda no chão. A perna esquerda sobre a direita, como um quatro, me locomovia com rapidez (Mais tarde meus filhos também imitariam essa minha forma de se locomover). Até os sete anos, morei no mesmo quintal de meus avós maternos. Neste tempo podíamos brincar na rua, não era asfaltada e não passavam muitos carros. As brincadeiras, na maioria das vezes, eram as de pular corda, esconde-esconde, queima, roda, amarelinha, etc.
Quando queria brincar, eles me colocavam como café com leite – aquele que brinca, mas não é levado a sério. Nunca aceitava essa situação. Ou era pra valer ou não brincava, argumentava, discutia e acabava brincando de igual para igual, mesmo com algumas dificuldades conseguia bom desempenho. Haviam outras brincadeiras que não eram exigidos nenhum esforço físico, adorava empinar pipas por exemplo. As primeiras que brinquei foram feitas por meu pai, más logo aprendi a construir as minhas próprias, e me tornei um expert em pipas. Fazia e vendia e com o dinheiro que ganhava, muitas vezes comprei o pão e o leite pra casa. Como disse na abertura, esse é o primeiro de muitos textos que pretendo escrever contando um pouco sobre minha trajetória de vida. Então até lá....

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