segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Mais um gol no Museu do Futebol


Museu do Futebol, instituição da Secretaria da Cultura, acaba de marcar mais um gol no que se refere à inclusão social. O Catálogo do Programa de Acessibilidade da instituição, lançado nesta semana, integra as ações do museu de aprimoramento contínuo para facilitar o acesso, interação e a apreensão de seu conteúdo por pessoas com deficiência em diversos níveis. Com reprodução em letras maiores, tradução em braile e imagens com textura e em relevo de resina, as 100 páginas da publicação reforçam o conceito de que a acessibilidade vai muito além da mobilidade física: busca facilitar a comunicação e levá-la ao alcance de todos.

A iniciativa, que tem apoio da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência, prevê a distribuição inicial de 2 mil exemplares em instituições sociais, museus e bibliotecas. Além disso, o catálogo será apresentado ao público visitante por meio das atividades desenvolvidas pela equipe do Núcleo Educativo do museu. Na puiblicação, o leitor encontra informações sobre as atrações oferecidas em cada sala, material que pode ser conferido também no CD de áudio, encartado no livro. O acervo do museu conta a história do futebol nacional e sua relação com o imaginário social e cultural do povo brasileiro.

O medalhista paralímpico, vice-presidente e secretário-geral do Comitê Paralímpico Brasileiro,
Mizael Conrado, avalia que a ação coloca a instituição em posição de vanguarda, ao oferecer aos visitantes com deficiência as mesmaspossibilidades que aos demais.

“Doei minhas duas medalhas de ouro para o Museu do Futebol, porque aqui certamente elas
darão condições ao público de conhecer um pouco mais sobre o futebol de cegos”.
Convivência – Para José Vicente dePaula, deficiente visual, é de grande importância que instituições culturais conheçam as necessidades e interesses de públicos diversos e saibam como tratar essas pessoas. Ele é ex-residente do programa Deficiente Residente, ação educativa do Programa de Acessibilidade ao Museu do Futebol (Pamf). Criado em 2010, tem como principal objetivo a troca de experiências a respeito de novas possibilidades de acessibilidade, por meio do trabalho conjunto e diário entre a equipe do Núcleo Educativo e dois residentes com deficiência.

O trabalho favorece a discussão de melhorias no contato diário com os visitantes deficientes e assegura confiança na condução das visitas. Formas de abordagem e maneiras de conduzir um deficiente pelos espaços do museu de acordo com sua dificuldade são alguns dos temas tratados. Já passaram pelo programa pessoas com diferentes níveis de deficiência, como cegos, pessoas com comprometimento intelectual e surdos. “Aprendemos, sobretudo, a perder o receio de lidar
com os outros só porque são diferentes. Dessa forma, podemos oferecer- lhes melhor atendimento”, ressalta a educadora Daiana Silva, formada em comunicação visual.

José Vicente aprovou a experiência. Nos três meses que conviveu com a equipe de
educadores, sugeriu e mostrou ações que tornariam a visita mais “funcional e interessante para um cego”. Uma de suas sugestões foi a inclinação dos textos em braile, para facilitar a leitura. “O mais interessante de tudo são os relevos e os bonecos articulados, que exibem os lances com perfeição: a bicicleta, a ponte de um goleiro ou ainda o domínio de bola. Tudo isso é muito abstrato para um deficiente visual. Mas aqui, não tem como não entender, é como se o cego voltasse a enxergar ou enxergasse pela primeira vez. A equipe está de parabéns”, elogia.

(Matéria publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo em 02-02-2013.)

SERVIÇO

Museu do Futebol
Praça Charles Miller, s/n° – Estádio do Pacaembu – SP. Telefone (11) 3664-3848
De terça-feira a domingo, das 9 às 17 horas. Ingressos: R$ 6 e R$ 3 (meia-entrada)
Entrada franca para pessoas com deficiência, crianças até 7 anos e professores da rede
pública. Às quintas-feiras, o ingresso é gratuito para todos os visitantes.

Roseane Barreiros
Da Agência Imprensa Oficial