quarta-feira, 28 de setembro de 2011
CIDADES INCLUSIVAS
A Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência e o Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal (Cepam) assinaram contrato para incentivar a elaboração dos planos municipais de acessibilidade. O objetivo é relacionar os direitos e as garantias que exigem a ação dos municípios.
Todos estão estabelecidos na Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência e o seu
Protocolo Facultativo, da Organização das Nações Unidas, adotada pelo Brasil em 2009.
Os dados obtidos vão constar da publicação.
A Convenção sobre Direitos da Pessoa com Deficiência e o Papel dos Municípios:
Caminhos para a Transformação de Cidades Inclusivas.
A convenção define claramente quem é a pessoa com deficiência e quais os direitos desse cidadão que não podem ser desrespeitados.
Com base na convenção da ONU, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo decretou, em 2008, a consolidação das leis que tratam da pessoa com deficiência. Promulgada pelo governador, essa consolidação garantiu que a legislação defasada fosse excluída. Agora, o que se pretende é que isso seja feito pelos municípios.
A escolha do Cepam para encaminhar essa ação justifica-se pela facilidade de diálogo com os governos municipais. O presidente do órgão, Lobbe Neto, já está em atividade: “Precisamos ir para os municípios e auxiliar os gestores públicos em sua atuação para incorporar efetivamente a matéria no plano municipal, essencial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária”, declarou.
Segundo Valeriana Alves, da Coordenadoria Municipal da Pessoa com Deficiência de Mogi das Cruzes, o projeto deve estimular as cidades do interior a desenvolverem leis e políticas públicas que considerem os direitos e as garantias das pessoas com deficiência. “No interior, a questão é pouco disseminada e essa iniciativa deve fomentar nos gestores públicos a importância do desenvolvimento inclusivo.”
Em defesa da dignidade.
Assinado pelo Brasil e por mais 85 nações, em 2007, o tratado internacional teve a adesão de 192 países membros da ONU e entidades representantes da sociedade civil. O documento
lista 50 artigos que tratam dos direitos civis, sociais, econômicos, culturais e políticos das pessoas com deficiência.
O propósito ali estabelecido é “promover, proteger e assegurar o desfrute pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por parte de todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua inerente dignidade”.
Da Assessoria de Imprensa do Cepam
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Um olhar fashion e especial
Ercéa não sabia que dali a pouco voltaria à passarela com o look que consagrou sua estilista
Amanda Alves como a vencedora da noite. Mais aplausos e pedidos de repeteco. Afinal, todos queriam conferir o modelo criado pela santista Amanda, moradora
de São Paulo há apenas quatro meses, exatamente na época de inscrição do concurso. A estilista
fez jus ao que se costuma dizer em termos de moda ou de decoração:
menos é mais. Sua modelo desfilou com uma saia azul-marinho, de renda, em três camadas,
e regata branca. Um traje para diversas ocasiões.
Criatividade – O detalhe ficou por conta da inscrição em braile, bordado em strass, com
informações sobre o modelo, a cor e o tecido, tanto na saia como na regata. Dessa forma,
explica a estudante de moda, a roupa usada por Ercéa não só facilita a escolha no guarda-roupa ou na loja, como permite a combinação com outras peças, que também deverão ter a inscrição em braile.
“Fiquei anestesiada quando anunciaram meu nome como vencedora, primeiro, porque enfrentei algumas dificuldades no corre-corre da preparação do concurso”, diz a premiada que participou com dois looks (os concorrentes podiam apresentar até três trajes) e venceu 20 selecionadas.
Na última hora, teve problemas com a costureira, a modelo oficial deu o ‘cano’ e uma agência indicou a Ercea.
“Uma benção na minha vida”. O marido Gilson, empresário do ramo de carros adaptados para deficientes, também pôs a mão na massa. “Ele só não bordou”, brinca Amanda que pretende abrir uma grife com foco nas pessoas com problemas visuais e cadeirantes.
O segundo lugar foi para Vitória Cuervo, e o terceiro ficou com Adriana Silva, premiadas com 80 e 50 metros de tecido, caixa de som para computador e bolsa para notebook, respectivamente. Já Amanda terá direito a estágio remunerado (um salário mínimo) de um mês na Vicunha Têxtil, 150 metros de tecido, caixa de som para computador e bolsa para notebook.
Mundo sustentável – O objetivo do Concurso Moda Inclusiva é estimular estudantes e profissionais de moda e criar soluções que facilitam o cotidiano da pessoa com deficiência. Segundo a secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência, trata-se de um grande mercado, um nicho para 29 milhões de pessoas no Brasil. “O mundo sustentável é aquele em que todos
estão inseridos, ninguém fica de fora. Hoje, o Brasil dá as diretrizes da moda internacional.
Desfiles iguais a esse ocorrem em Piracicaba, Campinas, Belo Horizonte, Fortaleza, Goiânia, até em Moscou, todos inspirados no concurso que promovemos e que já se tornou referência”.
A ideia é inserir o maior número de pessoas com deficiência no mercado de trabalho e na sociedade, estimular alunos e profissionais a se especializarem nesse segmento, de modo lúdico.
Foi isso que chamou a atenção de Larissa Lehmkohl, designer de moda em Santa Catarina. “Antes, o evento era fechado só para São Paulo; quando recebi um e-mail de divulgação do concurso para participantes de outros Estados, não quis perder a chance. Foi um desafio e tanto
lidar com um tipo de moda que a gente não aprende na faculdade”.
Autonomia – Larissa levou à passarela modelos para criança e adolescente, usados pela garota Emanuela (Manu), de 5 anos, e Brenda Pepe, de 16 anos.
Toda sorridente, a mãe de Manu, Rosiclei, dizia ter realizado o sonho de ver a filha vestida de jardineira, inteiramente adaptada para a menina, que sofre de hidrocefalia.
“Jardineira tem tudo a ver com criança, e ela não usa as peças convencionais porque são
complicadas”. Quase não dá para perceber que é uma jardineira de duas peças, complementada
com uma luva que protege as mãos de Manu ao empurrar a cadeira de rodas. A roupa de Brenda também ganhou um charme a mais: na parte de trás, a camisa xadrez tem um bolso onde se coloca uma almofada que a livra de machucar as costas na cadeira.
Ao contrário da estreante Larissa, outra estilista, Raíssa Paz, graduada em design e negócio de moda, é veterana no concurso. Participa desde o primeiro. “Hoje vou ganhar”, dizia com convicção antes de o desfile começar. Depois, posa com seus modelos Thiago Cenjor e Carolina
Custódio. “Não foi desta vez, mas vou insistir, mesmo porque vou me especializar no tema que, afinal, é enriquecedor”, comenta.
Descreve a roupa desenhada especialmente para eles: fechada com velcro e presilhas na altura da cintura para que Carolina possa vestir e se despir sem a ajuda de outra pessoa.
Tranquila, Carolina se ajeita e pede batom vermelho para combinar com o vestido branco, sapatos e chapéu vermelho.
“Estou um arraso”! Nos bastidores, a movimentação é intensa. A todo o momento um design surpreende: mangas abertas dão mobilidade e estilo, costuras das calças são feitas com
linha mais fina para não machucar, velcros nas laterais das calças e camisas facilitam a abertura. E que tal uma camisa fechada por ímãs? Foi a proposta da terceira colocada Adriana, formada pela Anhembi-Morumbi. “É um jeito funcional para quem não consegue se trocar sozinho”. É o caso da modelo Diolice Silva (tetraplégica e totalmente dependente na hora de trocar a roupa) para a qual Adriana criou modelito em suedine, calça comprida e camisa fechada por ímãs e
colete. “Para eles, botões não funcionam. O importante é garantir a autonomia e elevar a autoestima dessas pessoas”.
Maria das Graças Leocádio
Da Agência Imprensa Oficial
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