terça-feira, 12 de julho de 2011

ACESSIBILIDADE SOBRE RODAS

ACESSIBILIDADE SOBRE RODAS

Cadeira de rodas automatizada, desenvolvidana Poli, permite autonomia e melhora a autoestima de pessoas com deficiência.

A inspiração para criar o modelo veio de outras cadeiras que já existem pelo mundo afora. Contudo, o alto custo de um equipamentomoderno (cerca de 40 mil reais) não permite que muitas pessoas com capacidade reduzida de movimentação as adotem.
Parceria estabelecida em 2009 entre a USP e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência possibilitou a criação desse equipamento, com poucos recursos financeiros e muita tecnologia. O protótipo já está sendo experimentado. A ideia dos engenheiros da Poli foi criar
um sistema eletrônico que operasse não somente a cadeira de rodas, mas aparelhos de TV, mouse de computador, sistema de iluminação de uma casa, entre outras funcionalidades.
E que favorecesse, principalmente, a população de baixa renda. Tudo isso com mecanismos de fácil operação: joystick, de chaves, de toque e uma interface de sopro operada pelo próprio condutor do equipamento.
De acordo com o coordenador do projeto, o engenheiro do LSI, Marcelo Archanjo, o produto desenvolvido fará com que o tetraplégico ou o cadeirante possa ter melhor mobilidade motora dentro ou fora de casa.
“Sabemos que uma pessoa com tetraplegia fica a maior parte do tempo imóvel, numa cama, pois o custo de um equipamento é altíssimo para os padrões brasileiros. A nossa proposta é promover a estes cidadãosmelhor qualidade de vida e mais motivação”.

Detalhes essenciais – O projeto foi dividido em três módulos: módulo de potência (que comanda os motores da cadeira), módulo de controle (configura e controla o aparelho de TV por infravermelho ou mouse do computador via bluetooth) e o dispositivo de interface, que dá acesso à comunicação do usuário com os menus do sistema.

Assistência contínua

A tetraplegia é consequência irreversível de patologias neurológicas ou neurocirúrgicas graves. Afeta todas as quatro (em grau variável) extremidades, superiores e inferiores, juntamente
à musculatura do tronco. O tetraplégico tem necessidade de assistência contínua durante toda a vida. Esta pessoa, quase sempre, necessita da intervenção alheia para lhe assegurar mobilidade
e realizar atividades cotidianas, como comer ou praticar a higiene pessoal.
A concepção teve o foco principal na plataforma de código aberto (open hardware e software), ou seja, uma patente livre sem ter de pagar por direitos autorais.
Para Arthur Barcellos, pesquisador da Poli, há uma tendência para que as inovações na área de acessibilidade sejam cada vez mais abertas e dinâmicas. “O código permite que qualquer interessado na proposta aperfeiçoe o projeto sem pagar nada por isso. Entretanto, é necessário
sempre investir em inovação e pesquisa de ponta”.
As peças para montagem de uma plataforma como a desenvolvida na USP podem ser compradas em média por cerca de mil reais (sem contar o preço da cadeira e dos motores). Conforme informado por Barcellos, essa estimativa corresponde ao custo dos componentes comprados no
varejo. Os pesquisadores do LSI aguardam o apoio também da indústria de automação para o financiamento do projeto.
Segundo Archanjo, é importante que a cadeira se adapte para qualquer pessoa com mobilidade reduzida ou total. “Instalamos várias formas de interação para o cadeirante, desde sopro (por meio de uma pequena mangueira), botões de pressão (como um controle remoto) e outro com um painel sensível ao toque, sem que a pessoa faça força para a execução das tarefas”. Numa
casa, por exemplo, não seria necessário modificar as áreas estruturais, pois toda comunicação seria automatizada via sistemas de redes sem fio. O que será feito por empresa especializada neste tipo de instalação residencial.

Anderson Moriel Mattos
Da Agência Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Poder Executivo - Matéria Publicada em 12-07-2011.

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