terça-feira, 20 de março de 2012
Guerra e Paz
Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, em outubro de 1945, nos Estados Unidos da América, 51 países assinaram a carta que criava a Organização das Nações Unidas, o Brasil inclusive. O presidente da entidade, solicitou que aos membros da Organização fizessem uma doação de uma obra de arte que representasse seus países.
O Brasil, através de seu presidente, pediu a Cândido Portinari que criasse uma obra para ficar exposta na sede da ONU. E entre os anos de 1952 e 1956 ele pintou as telas, Guerra e Paz. Dois painéis medindo ao todo 280 metros quadrados de superfície. Por ironia do destino, Portinari não chegou a ver a sua obra exposta no ONU, por ser ligado ao Parido Comunista da época, os americanos não o deixaram entrar em seu território.
Estive no Memorial da América Latina para ver a exposição dos painéis Guerra e Paz, que vai até o dia 21 de abril de 2012, e também todos os esboços produzidos para o trabalho. Ficar sabendo que mesmo doente e contrariando recomendações médicas, tinha problemas com as tintas usadas nas telas, levou a cabo sua obra mais importante.
Seu sonho era que não houvesse mais guerras entre as nações, infelizmente, o mundo não vê período de paz a muitos anos.
Carlos Drummond de Andrade escreveu um poema sobre Guerra e Paz que compartilho aqui:
A Mão
… Entre o cafezal e o sonho/
A mão está sempre compondo/
… A mão sabe a cor da cor/
e com ela veste o nu e o invisível./
… Entre o sonho e o cafezal/
entre guerra e paz/
entre mártires, ofendidos,/
… entre o amor e o ofício/
eis que a mão decide;/
…O que era dor é flor, conhecimento/
plástico do mundo./
… e voa para nunca-mais/
a mão infinita/
a mão-de-olhos-azuis de Candido Portinari.”
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