sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Um olhar fashion e especial

Ercéa não sabia que dali a pouco voltaria à passarela com o look que consagrou sua estilista Amanda Alves como a vencedora da noite. Mais aplausos e pedidos de repeteco. Afinal, todos queriam conferir o modelo criado pela santista Amanda, moradora de São Paulo há apenas quatro meses, exatamente na época de inscrição do concurso. A estilista fez jus ao que se costuma dizer em termos de moda ou de decoração: menos é mais. Sua modelo desfilou com uma saia azul-marinho, de renda, em três camadas, e regata branca. Um traje para diversas ocasiões. Criatividade – O detalhe ficou por conta da inscrição em braile, bordado em strass, com informações sobre o modelo, a cor e o tecido, tanto na saia como na regata. Dessa forma, explica a estudante de moda, a roupa usada por Ercéa não só facilita a escolha no guarda-roupa ou na loja, como permite a combinação com outras peças, que também deverão ter a inscrição em braile. “Fiquei anestesiada quando anunciaram meu nome como vencedora, primeiro, porque enfrentei algumas dificuldades no corre-corre da preparação do concurso”, diz a premiada que participou com dois looks (os concorrentes podiam apresentar até três trajes) e venceu 20 selecionadas. Na última hora, teve problemas com a costureira, a modelo oficial deu o ‘cano’ e uma agência indicou a Ercea. “Uma benção na minha vida”. O marido Gilson, empresário do ramo de carros adaptados para deficientes, também pôs a mão na massa. “Ele só não bordou”, brinca Amanda que pretende abrir uma grife com foco nas pessoas com problemas visuais e cadeirantes. O segundo lugar foi para Vitória Cuervo, e o terceiro ficou com Adriana Silva, premiadas com 80 e 50 metros de tecido, caixa de som para computador e bolsa para notebook, respectivamente. Já Amanda terá direito a estágio remunerado (um salário mínimo) de um mês na Vicunha Têxtil, 150 metros de tecido, caixa de som para computador e bolsa para notebook. Mundo sustentável – O objetivo do Concurso Moda Inclusiva é estimular estudantes e profissionais de moda e criar soluções que facilitam o cotidiano da pessoa com deficiência. Segundo a secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência, trata-se de um grande mercado, um nicho para 29 milhões de pessoas no Brasil. “O mundo sustentável é aquele em que todos estão inseridos, ninguém fica de fora. Hoje, o Brasil dá as diretrizes da moda internacional. Desfiles iguais a esse ocorrem em Piracicaba, Campinas, Belo Horizonte, Fortaleza, Goiânia, até em Moscou, todos inspirados no concurso que promovemos e que já se tornou referência”. A ideia é inserir o maior número de pessoas com deficiência no mercado de trabalho e na sociedade, estimular alunos e profissionais a se especializarem nesse segmento, de modo lúdico. Foi isso que chamou a atenção de Larissa Lehmkohl, designer de moda em Santa Catarina. “Antes, o evento era fechado só para São Paulo; quando recebi um e-mail de divulgação do concurso para participantes de outros Estados, não quis perder a chance. Foi um desafio e tanto lidar com um tipo de moda que a gente não aprende na faculdade”. Autonomia – Larissa levou à passarela modelos para criança e adolescente, usados pela garota Emanuela (Manu), de 5 anos, e Brenda Pepe, de 16 anos. Toda sorridente, a mãe de Manu, Rosiclei, dizia ter realizado o sonho de ver a filha vestida de jardineira, inteiramente adaptada para a menina, que sofre de hidrocefalia. “Jardineira tem tudo a ver com criança, e ela não usa as peças convencionais porque são complicadas”. Quase não dá para perceber que é uma jardineira de duas peças, complementada com uma luva que protege as mãos de Manu ao empurrar a cadeira de rodas. A roupa de Brenda também ganhou um charme a mais: na parte de trás, a camisa xadrez tem um bolso onde se coloca uma almofada que a livra de machucar as costas na cadeira. Ao contrário da estreante Larissa, outra estilista, Raíssa Paz, graduada em design e negócio de moda, é veterana no concurso. Participa desde o primeiro. “Hoje vou ganhar”, dizia com convicção antes de o desfile começar. Depois, posa com seus modelos Thiago Cenjor e Carolina Custódio. “Não foi desta vez, mas vou insistir, mesmo porque vou me especializar no tema que, afinal, é enriquecedor”, comenta. Descreve a roupa desenhada especialmente para eles: fechada com velcro e presilhas na altura da cintura para que Carolina possa vestir e se despir sem a ajuda de outra pessoa. Tranquila, Carolina se ajeita e pede batom vermelho para combinar com o vestido branco, sapatos e chapéu vermelho. “Estou um arraso”! Nos bastidores, a movimentação é intensa. A todo o momento um design surpreende: mangas abertas dão mobilidade e estilo, costuras das calças são feitas com linha mais fina para não machucar, velcros nas laterais das calças e camisas facilitam a abertura. E que tal uma camisa fechada por ímãs? Foi a proposta da terceira colocada Adriana, formada pela Anhembi-Morumbi. “É um jeito funcional para quem não consegue se trocar sozinho”. É o caso da modelo Diolice Silva (tetraplégica e totalmente dependente na hora de trocar a roupa) para a qual Adriana criou modelito em suedine, calça comprida e camisa fechada por ímãs e colete. “Para eles, botões não funcionam. O importante é garantir a autonomia e elevar a autoestima dessas pessoas”. Maria das Graças Leocádio Da Agência Imprensa Oficial

2 comentários:

  1. Olá Ronaldo,

    Sou a Amanda 1º colocada deste concurso e gostaria de sabe onde pegou essa matéria, pois achei maravilhosa, contem informações de minha tragetória, ate a vitória. se tiver alguma fonte adoraria ter acesso... bjokas aguardo retorno.

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  2. Amanda
    Essa materia foi publicada no Diário Oficial de São Paulo, na mesma data do post. Quem escreveu a matéria foi Maria das Graças Leocádio, da Agência Imprensa Oficial. Entre em contato com ela.....

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